terça-feira, 26 de janeiro de 2010

“Pensar a escola. Pensar o Futuro”: Fórum com balanço positivo.

O Presidente da Comissão Episcopal de Educação Cristã, D. Tomaz Silva Nunes, faz um balanço “muito positivo dos trabalhos do Fórum “Pensar a Escola. Preparar o Futuro”, que decorreu ao longo de três dias em Lisboa. “O Fórum foi muito positivo pelas temáticas discutidas e pelo modelo de trabalho que encontrámos que resultou”, disse D. Tomaz, sublinhando uma ideia-força dos trabalhos: a de que a escola tem de ser entendida numa relação triangular escola-família-comunidade.

Antigos ministros nos trabalhos
O antigo ministro da Educação Eduardo Marçal Grilo defendeu, nos trabalhos do Fórum, uma imediata e verdadeira autonomia das escolas. “Sou um grande defensor da autonomia das escolas. Julgo que a escola deve ser muito rapidamente autonomizada, mesmo com os riscos que uma autonomização precipitada pode ter. Porque o Estado não tem que ter um projecto educativo. O Estado tem é que dar condições aos cidadãos para que os cidadãos possam ter o seu próprio projecto educativo, que é um projecto comunitário”, disse o antigo ministro. Marçal Grilo defendeu, também, novas regras no acesso às escolas estatais, de modo a que “as famílias não tenham que colocar os filhos na escola que o Estado entende que deve ser”.
Sobre o recente acordo negocial estabelecido entre os principais sindicatos de professores e o Ministério da Educação, Grilo classificou-o como “positivo” e apelou a entendimentos semelhantes entre a tutela e os pais, os municípios e instituições.
Outro antigo ministro da Educação, Guilherme de Oliveira Martins, foi ao Fórum defender que o Estado deve dar mais apoios ao ensino privado, apontando a experiência do pré-escolar como demonstrativa de que esse é o caminho certo.
Oliveira Martins apontou, ainda, um problema do sistema, que decorre do facto de os professores estarem, hoje, a desempenhar tarefas educativas que pertencem à sociedade.

Crise de autoridade
Um dos intervenientes estrangeiros nos trabalhos foi filósofo francês Guy Coq que se debruçou sobre a crise de autoridade na escola. Coq defendeu que esta crise reflecte a crise de autoridade na sociedade, porque, tal como outras instituições, a escola é o espelho do que se passa para lá dos seus muros.
“Não há um problema de autoridade em si. A autoridade está destruída, como as instituições estão destruídas. A sociedade não é uma máquina e as instituições reflectem a vontade dos seres vivos. Se os seres vivos não têm vontade que a escola como instituição seja uma autoridade – uma autoridade de transmitir cultura -, se não há esta vontade num país, então, a escola não o será”, afirmou Coq.
O especialista francês sublinhou, ainda, que, em matéria de educação, a família deve assumir um papel fundamental, por ser a primeira instituição onde a criança está inserida.

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